O sistema imunológico é uma rede complexa de componentes celulares e humorais que tem a função de distinguir entre o “próprio” e o “não-próprio”, eliminando agentes infecciosos, células tumorais e células transplantadas. As células natural killer (NK) desempenham um papel crucial nessa vigilância imunológica. Elas fazem parte da imunidade inata e representam cerca de 10 a 20% dos linfócitos circulantes. Morfologicamente, são maiores que os linfócitos T e B, possuindo citoplasma granular e marcadores de superfície CD16 e CD56.
Função das Células NK
As células NK diferem dos componentes da imunidade adaptativa por reagirem rapidamente, em poucas horas, durante a invasão do organismo por vírus e bactérias. Em contraste, os linfócitos T podem levar dias para iniciar uma resposta imune efetiva. As células NK compartilham algumas características com os linfócitos T, como a presença de marcadores de superfície e a função citotóxica mediada pela secreção de citocinas, perforinas, granzimas e interferon γ (INF-γ). No entanto, diferem pela ausência do receptor de célula T, essencial para a resposta imunológica dos linfócitos T.
Ativação e Resposta Imune
As células NK são independentes do timo, e pacientes sem essas células sofrem de infecções virais persistentes, especialmente de vírus do tipo herpes. Quando isoladas do sangue, as células NK podem destruir certos tipos de células-alvo. Esse nível basal de destruição aumenta significativamente quando expostas a interferon α (INF-α), interferon β (INF-β) e IL-12, produzidos por macrófagos em resposta a agentes virais.
Papel na Imunidade Inata
A imunidade inata, da qual as células NK fazem parte, é uma barreira anti-infecciosa crucial, especialmente em pediatria. Ela atua de maneira independente da imunidade celular e humoral, sendo mais rápida que outras formas de proteção do organismo. Além disso, estimula os linfócitos T CD8 a agirem, amplificando a rede de proteção imunológica.
Vigilância Imunológica
As células NK são essenciais na vigilância imunológica, pois podem reconhecer e atacar células que apresentam baixa expressão de HLA classe I, um mecanismo conhecido como “missing-self”. Isso é particularmente importante em situações onde células tumorais ou infectadas por vírus tentam escapar da detecção pelo sistema imunológico.
Polimorfismo Genético
Estudos sobre os genes e haplótipos KIR (killer immunoglobulin-like receptors) na população brasileira são importantes para entender a relação desse sistema com diversas doenças. Em uma análise de 116 doadores voluntários de medula óssea, foram identificados 32 genótipos e a presença de 51% e 49% de haplótipos A e B, respectivamente.
Comparação com Outras Populações
A comparação dos genótipos KIR da população brasileira com os de outras populações pode fornecer insights valiosos sobre a diversidade genética e suas implicações na resposta imunológica. Esse conhecimento é fundamental para a análise de doenças relacionadas a esses genes.