O Brasil se destacou em 2023 ao liderar o ranking mundial de cirurgias plásticas, conforme dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. O país realizou mais de 3 milhões de procedimentos estéticos, dos quais 2 milhões envolveram intervenções cirúrgicas. Entre os procedimentos mais populares estão a lipoaspiração, a colocação de próteses de silicone, o uso de Botox e preenchimentos com ácido hialurônico.
Apesar do sucesso numérico, o aumento de procedimentos estéticos no Brasil também trouxe à tona preocupações sobre a segurança e a regulamentação da prática. Recentemente, a morte de um jovem após um peeling de fenol realizado por uma influenciadora sem formação adequada reacendeu o debate sobre os riscos de procedimentos mal executados. Este caso específico destacou a importância de escolher profissionais qualificados e a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa.
Priscilla Aguiar e Rafaela Cavalcanti, ambas vítimas de complicações em procedimentos estéticos, uniram forças para alertar o público sobre os perigos de tratamentos mal realizados. Priscilla sofreu necrose no nariz após uma rinomodelação, enquanto Rafaela perdeu 60% do nariz e passou por 14 cirurgias. Juntas, elas criaram a página “Estética de Risco” nas redes sociais, que já conta com mais de 100 mil seguidores.
A popularidade dos procedimentos estéticos no Brasil pode ser atribuída ao desejo de alcançar padrões de beleza idealizados, muitas vezes inspirados por celebridades. No entanto, a busca por uma aparência perfeita tem levado muitos a ignorar os riscos associados a procedimentos realizados por profissionais não qualificados. A dermatologista Andrea Ortega Gimenez defende uma abordagem mais crítica e consciente, incentivando a aceitação dos sinais naturais de envelhecimento.
A morte de Henrique da Silva Chagas, de 27 anos, após um peeling de fenol, destacou a necessidade de regulamentação e fiscalização mais rigorosas. A influenciadora responsável pelo procedimento foi indiciada por homicídio doloso, e o caso gerou um aumento nas denúncias de prática irregular da profissão de esteticista. A Associação Nacional dos Esteticistas e Cosmetólogos (ANESCO) registrou um aumento de 50% nas denúncias em 2024.
A ANESCO está trabalhando para criar um Conselho Federal e unidades regionais para regularizar a fiscalização da profissão, que foi regulamentada em 2018. A presidente da entidade, Márcia Larica, enfatiza a importância de uma formação completa para esteticistas, que inclui o estudo de técnicas e práticas seguras. Ela alerta que muitos problemas ocorrem com pessoas que se autodenominam esteticistas sem a devida qualificação.
O caso de Henrique Chagas e o aumento das denúncias refletem a necessidade urgente de uma maior conscientização sobre os riscos dos procedimentos estéticos e a importância de escolher profissionais devidamente qualificados. A busca por beleza não deve comprometer a saúde e a segurança dos indivíduos, e é essencial que os consumidores estejam bem informados sobre os procedimentos que desejam realizar.